Dia de Gibi Novo: Domu: A Child's Dream
Se você sabe quem é Katshuhiro Otomo, certamente é por Akira. A saga apocaliptica que mistura psiônicos, motoqueiros e o exército japonês em algo que parece a IV Guerra Mundial foi a maior responsável pelo boom dos mangás e animês no mundo todo no início da década de 90. Feito antes de Akira e partilhando alguns dos seus temas, Domu é melhor que o épico de Otomo em diversos aspectos.
Domu gira em torno de um conjunto habitacional e de uma série - mais de vinte - mortes misteriosas. Entre os vários suspeitos - um alcoolátra, um deficiente mental, uma mulher louca - ninguém lembra de incluir um velhinho senil, mas possuidor de grandes poderes psíquicos. Ele se diverte manipulando os habitantes do conjunto até o dia que uma outra psiônica se muda para lá com sua família, começando uma batalha discreta, mas que vai se tornando cada vez mais visível e absurda.
Quem conheceu o trabalho de Otomo através de Akira vai sentir falta das cores, quase compensada pela clareza do traço do artista - muito mais detalhado e menos distorcido que o da maior parte dos mangás. Otomo consegue tirar cenas impressionantes de prédios e corredores, em efeitos e enquadramentos que me lembraram em alguns momentos o Wim Wenders de Asas do Desejo. Infelizmente, a história de mistério contida explode em algo muito maior - e vagamente decepcionante por não ter a mesma força do início.
Mesmo assim, Domu é muito melhor que qualquer hq japonesa nas bancas (a não ser que estejam publicando Lobo Solitário).